sábado, 21 de abril de 2012

FAÇO TUDO POR AMOR (CAP. 11)


Abri a porta do apartamento e me surpreendi quando encontrei movimento em casa apesar de ser ainda cedo. Ouvi a voz de Rafa na cozinha e fui até lá. Para minha surpresa, deparei–me com um rapaz sentando junto à mesa saboreando um pedaço de pão. O rosto dele não me era estranho.

– Bom dia – cumprimentei sem entender nada. Minha irmã estava em frente ao fogão, esperando o leite ferver.
– Bom dia – respondeu o cara.
– Oi, Paulinha – retrucou por sua vez minha irmã com a expressão contente. – Este é o Guto. Lembra dele?
– Oi, Guto – disse eu mecanicamente, me sentindo pouco a vontade pelo fato de minha irmã ter posto um homem dentro de um apartamento que só tinha mulheres. – Não me lembro de você.
– Da faculdade – esclareceu Guto tentando ser simpático. – Curso Ciências da Computação.

Estava explicada a cara de nerd. Ele simplesmente não tinha nada a ver com a louca da Rafaela.

– Ah… Acho que já nos cruzamos por lá.

Eu tentava situá–lo em algum ponto da minha mente. Mas eu só pensava no Nando.

– Várias vezes – confirmou meu novo cunhado.

Servindo Guto de leite, Rafa perguntou curiosa:

– E então? A noite rendeu?
– Muito – eu era só sorrisos.
– Foi com aquele cara? O do reveillon?
– Sim, graças a Deus.

Abri a geladeira e fui me servir de suco. Sem me dar chance para respirar, Rafa foi em frente:

– E cadê ele?
– Foi para casa. Ele tem que viajar hoje à noite para São Paulo.
– Puxa, que azar – comentou Guto.

Rafaela sentou ao lado do namorado e perguntou:

– Em pleno feriadão?

Eu não estava gostando muito daquele interrogatório. E muito menos do tal do Guto estar ficando por dentro da minha vida amorosa.

– Ele é advogado de um banco. Há um problema a ser resolvido na matriz e o diretor o escalou para resolver.
– E quando ele volta?
– Acho que daqui a uma semana – disse bebendo o suco devagarzinho, só pensando nele.
– E este tal de Nando vai te ligar?

Lembrei-me da noiva ou quase ex–noiva e respondi:

– Disse que vai.
– E você acreditou?

Era duro de aguentar a expressão de descrédito da Rafa.

– Acreditei.
– Pois eu não acreditaria.
– Ele disse de livre e espontânea vontade que me ligaria. Não fui eu que pedi.

Minha voz saiu tão dura e seca que os dois me encararam surpresos e não falaram mais nada. Bebi o resto do suco quase de um gole só e saí da cozinha, pisando duro. Entrei no meu quarto imaginando se agora teria que dividir minha cama com o Guto também. Só quando me atirei no colchão é que me dei conta do quanto estava cansada. Dormi em menos de dez segundos e Nando foi meu último pensamento. E o primeiro quando me acordei, horas depois.


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