sexta-feira, 27 de abril de 2012

FAÇO TUDO POR AMOR (CAP. 13)

O feriadão terminou e eu voltei para casa e a minha rotina. Como faltava um mês para as aulas começarem, minha vida era apenas ir ao estágio. E pensar no Nando. Eu passava muito tempo sozinha. A Rafa estava sempre em função do Guto. As meninas ficaram na praia e eu sem ninguém. Monitorar a vida do Nando era uma frustração. Eu só via convites para festas, mensagens da Raquel, ou seja, tudo na mesma. Da parte dele, silêncio total em relação a mim. Isto me deixou muito triste e abatida. A primeira a reparar que eu estava emagrecendo foi, é claro, minha irmã. Levei um sermão de uma hora inteira, na presença do Guto, no qual Rafaela praticamente me mandou que eu esquecesse o Fernando. Nem respondi. Escutei as palavras duras da Rafa completamente muda, sabendo que ela estava certa, mas sem querer admitir em abandonar um sonho e um amor acalentado por tantos anos. Ela só parou de falar quando uma amiga ligou. Aproveitando que minha irmã tinha se afastado para conversar, Guto se voltou para mim e disse simplesmente:

− Não se preocupe.
*
Era um entardecer de domingo, monótono, quente e chato. Eu estava sozinha em casa. Não tinha vontade de ler, ouvir música e muito menos ficar no computador. De repente, me deu vontade de pegar um ônibus e ir para a casa dos meus pais. E eu teria feito isto, se não fosse pelo meu estágio.

O celular tocou. Devia ser minha mãe. Ela tinha dito que iria me ligar mais ou menos por àquela hora.

− Oi, mãe – fui falando sem sequer confirmar no visor se era ela mesma.
− Pela sua voz acho que você não está a fim de falar com a sua mãe.

Endireitei−me no sofá com o coração saltando pela boca. Quase gaguejei:

− Nando? É você?
− Claro que sou eu – ele riu do outro lado. – Você queria que fosse sua mãe?
− Não! – respondi, para depois tentar consertar. – Quer dizer, não esperava que você fosse me ligar.
− Eu prometi, lembra?

O domingo de repente se tornou algo fantástico. A vida também.

− Prometeu naquele dia... Muitas coisas podem ter acontecido de lá para cá.

Percebi que ele ficou mudo por alguns segundos para depois dizer, cauteloso:

− É… não aconteceram tantas coisas assim. Não ainda.

Eu sabia a que ele estava se referindo, mas mudei estrategicamente de assunto. E também não estava nem um pouco com vontade de falar sobre a Raquel.

− Como foi sua viagem?
− Foi um saco, mas pelo menos resolvi tudo. Fiquei uns cinco dias por lá. E você como está?
− Na mesma – quase respondi que minha vida era somente esperar por ele. – Estou de férias da faculdade. A única coisa que faço é ir para o estágio e voltar.
− Isto que é vida mansa.
− Você que pensa.
− E suas queimaduras?
− Não incomodam mais – Oba, ele estava preocupado comigo. Ou sendo só gentil? – Me cuidei um pouco, evitei o sol, mas a pele ainda está descascando.
− Não entrou mais no mar?
− Só até o tornozelo.
− Pensei que tivesse perdido o medo.
− Não tive bons motivos para entrar no mar de novo.

Ele riu e eu me descobri cada vez mais apaixonada por aquela risada.

− Bem, eu só liguei para ver como você estava.

Já?, pensei eu não muito feliz. Eu achei que ele iria me convidar para alguma coisa...

− Estou muito bem – respondi com a voz firme, tentando não demonstrar a minha decepção.
− Vou jogar futebol com meus amigos – explicou ele como se tivesse sentido pelo tom da voz toda a minha frustração.
− Que ótimo... Cuidado para não se machucar, então.

Tentei mostrar que estava super feliz por ele preferir jogar futebol a ficar comigo. Não havia problema nenhum em ele ir bater uma bolinha e beber depois. Afinal, QUAL É O PROBLEMA? Nenhum.

− Certo, vou me cuidar sim. Você também se cuide.
− Pode deixar.
− Nos falamos, então.
− Falamos, sim.
− Beijos.
− Beijos.

Desliguei o celular sem saber se ria ou chorava. Se era para fazer alguma opção, então preferi ficar feliz. Bom, ele havia entrado em contato, não é mesmo? Quem sabe um dia o Nando ligasse para me convidar para alguma coisa, nem que fosse para comer um picolé...



Um comentário:

  1. Oi, gatona!
    Finalmente consegui colocar em dia a leitura da história toda, desde o comecinho, agora vai ficar mais fácil acompanhar os próximos capítulos =)
    Está muito bom, viu? Uma história envolvente, de uma garota como tantas por aí, que amam e sofrem em silêncio. Você consegue definir sentimentos com muita facilidade, parabéns!

    Fico aguardando o próximo eposódio.
    Bjus, querida.

    palavrasdevalquiria.blogspot.com.br

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