O
feriadão terminou e eu voltei para casa e a minha rotina. Como faltava um mês
para as aulas começarem, minha vida era apenas ir ao estágio. E pensar no
Nando. Eu passava muito tempo sozinha. A Rafa estava sempre em função do Guto.
As meninas ficaram na praia e eu sem ninguém. Monitorar a vida do Nando era uma
frustração. Eu só via convites para festas, mensagens da Raquel, ou seja, tudo
na mesma. Da parte dele, silêncio total em relação a mim. Isto me deixou muito
triste e abatida. A primeira a reparar que eu estava emagrecendo foi, é claro,
minha irmã. Levei um sermão de uma hora inteira, na presença do Guto, no qual
Rafaela praticamente me mandou que eu esquecesse o Fernando. Nem respondi.
Escutei as palavras duras da Rafa completamente muda, sabendo que ela estava
certa, mas sem querer admitir em abandonar um sonho e um amor acalentado por
tantos anos. Ela só parou de falar quando uma amiga ligou. Aproveitando que
minha irmã tinha se afastado para conversar, Guto se voltou para mim e disse
simplesmente:
− Não
se preocupe.
*
Era um
entardecer de domingo, monótono, quente e chato. Eu estava sozinha em casa. Não
tinha vontade de ler, ouvir música e muito menos ficar no computador. De
repente, me deu vontade de pegar um ônibus e ir para a casa dos meus pais. E eu
teria feito isto, se não fosse pelo meu estágio.
O
celular tocou. Devia ser minha mãe. Ela tinha dito que iria me ligar mais ou
menos por àquela hora.
− Oi,
mãe – fui falando sem sequer confirmar no visor se era ela mesma.
− Pela
sua voz acho que você não está a fim de falar com a sua mãe.
Endireitei−me
no sofá com o coração saltando pela boca. Quase gaguejei:
−
Nando? É você?
−
Claro que sou eu – ele riu do outro lado. – Você queria que fosse sua mãe?
− Não!
– respondi, para depois tentar consertar. – Quer dizer, não esperava que você
fosse me ligar.
− Eu
prometi, lembra?
O
domingo de repente se tornou algo fantástico. A vida também.
−
Prometeu naquele dia... Muitas coisas podem ter acontecido de lá para cá.
Percebi
que ele ficou mudo por alguns segundos para depois dizer, cauteloso:
− É…
não aconteceram tantas coisas assim. Não ainda.
Eu
sabia a que ele estava se referindo, mas mudei estrategicamente de assunto. E
também não estava nem um pouco com vontade de falar sobre a Raquel.
− Como
foi sua viagem?
− Foi
um saco, mas pelo menos resolvi tudo. Fiquei uns cinco dias por lá. E você como
está?
− Na
mesma – quase respondi que minha vida era somente esperar por ele. – Estou de
férias da faculdade. A única coisa que faço é ir para o estágio e voltar.
− Isto
que é vida mansa.
− Você
que pensa.
− E
suas queimaduras?
− Não
incomodam mais – Oba, ele estava preocupado comigo. Ou sendo só gentil? – Me
cuidei um pouco, evitei o sol, mas a pele ainda está descascando.
− Não
entrou mais no mar?
− Só
até o tornozelo.
−
Pensei que tivesse perdido o medo.
− Não
tive bons motivos para entrar no mar de novo.
Ele
riu e eu me descobri cada vez mais apaixonada por aquela risada.
− Bem,
eu só liguei para ver como você estava.
Já?,
pensei eu não muito feliz. Eu achei que ele iria me convidar para alguma
coisa...
−
Estou muito bem – respondi com a voz firme, tentando não demonstrar a minha
decepção.
− Vou
jogar futebol com meus amigos – explicou ele como se tivesse sentido pelo tom
da voz toda a minha frustração.
− Que
ótimo... Cuidado para não se machucar, então.
Tentei
mostrar que estava super feliz por ele preferir jogar futebol a ficar comigo.
Não havia problema nenhum em ele ir bater uma bolinha e beber depois. Afinal,
QUAL É O PROBLEMA? Nenhum.
−
Certo, vou me cuidar sim. Você também se cuide.
− Pode
deixar.
− Nos
falamos, então.
−
Falamos, sim.
−
Beijos.
−
Beijos.
Desliguei
o celular sem saber se ria ou chorava. Se era para fazer alguma opção, então
preferi ficar feliz. Bom, ele havia entrado em contato, não é mesmo? Quem sabe
um dia o Nando ligasse para me convidar para alguma coisa, nem que fosse para
comer um picolé...
Oi, gatona!
ResponderExcluirFinalmente consegui colocar em dia a leitura da história toda, desde o comecinho, agora vai ficar mais fácil acompanhar os próximos capítulos =)
Está muito bom, viu? Uma história envolvente, de uma garota como tantas por aí, que amam e sofrem em silêncio. Você consegue definir sentimentos com muita facilidade, parabéns!
Fico aguardando o próximo eposódio.
Bjus, querida.
palavrasdevalquiria.blogspot.com.br