quinta-feira, 5 de abril de 2012

FAÇO TUDO POR AMOR (CAP 5)


− Posso perguntar uma coisa para você? Tem que jurar que não vai ficar zangada comigo.

Encarei−o ligeiramente tensa. O que viria pela frente agora?

− Não vou ficar zangada. Acho.
− Esqueci seu nome.

Meu nome. De novo meu nome. Respondi de uma vez só:

− Pauline.
− Pauline… − repetiu ele como se escarafunchasse na memória de onde tinha escutado esta alcunha.
− O que foi? – eu mal podia disfarçar minha angústia, quase me engasgando com a água.
− Seu nome. Não é comum.

Fui ficando pálida.

− Tive uma parente com seu nome – ele revelou.

Quase emborquei a garrafa inteira de água. Minhas pernas ficaram bambas.

− Que coincidência... Teve? Quer dizer que não tem mais? Ela morreu?

Ele continuou bebendo água como se não desse mais importância ao tema.

− Não sei. É uma parente distante. Não sei se está morta ou viva. Tanto faz.

Cruzes, eu tanto fazia. Bem, pelo menos eu não havia sido reconhecida. Ufa!

− Vamos tomar um banho de mar?

A pergunta me pegou de surpresa. Olhei para ele, em meio a um pânico crescente. Mar. Eu sempre tive medo de mar. As ondas jamais tinham passado dos meus joelhos e agora o Fernando queria entrar no mar. Meus pesadelos mais frequentes eram todos relacionados ao mar. Cansei de sonhar que estava me afogando.
− Vamos – eu respondi quase vomitando. – Eu adoro o mar.

Larguei a garrafa na areia e tomei à dianteira. Fui caminhando a passadas largas em direção à água fingindo ser a mais experiente nadadora do mundo. A terra começou a girar no exato momento em que o Nando pegou a minha mão. Eu podia ter me acalmado com o toque dos dedos dele, mas isso não aconteceu. Respirei fundo quando as ondas molharam meus pés. Ele foi me puxando e de repente a água já batia na minha cintura. Eu estava prestes a desmaiar.

− Nando, espera – pedi eu. Neste instante uma onda mais forte me cobriu por inteira.

Achei que fosse cair, porém ele me segurou no seu colo. Que romântico. Fui obrigada a confessar, totalmente branca e trêmula:

− Não sei nadar. Tenho pânico do mar.
− Quer voltar? – perguntou ele rindo.
− Não – respondi agarrada nele. Não poderia perder o homem da minha vida por causa de um pânico besta.
− Então vamos.

E lá fui eu, segura pela cintura, cada vez mais branca. Eu me agarrei no Nando com todas as minhas forças, de puro medo. Minha voz trancou na garganta, eu não conseguia nem abrir a boca para pedir socorro.

− Meus pés não estão encostando no chão.

 Foi mais ou menos isto que eu falei. Não sei se ele escutou alguma coisa. As ondas vinhas fortes e me cobriam inteira. Eu sentia o gosto do sal na minha língua, meus olhos já nem abriam mais com medo de enxergar a próxima gigantesca onda.

Então o Nando parou, graças a Deus. Eu continuava pendurada nele, agora com a cabeça enterrada no seu peito. Se fosse em outra situação, eu estaria adorando aquele contato físico. Porém, em meio a um estado de pânico, eu mal podia sentir os braços dele em volta de mim.

− Abra os olhos, Pauline – riu ele. – Não vou deixar o mar levar você.

Foi a primeira vez que ele me chamou pelo nome e também foi só por causa disto que abri os olhos bem devagar. Além do mais, ele proferiu aquela frase tão carinhosamente que foi ali, em meio ao oceano, que me apaixonei pelo meu primo em definitivo.

− Você é muito gentil.

Veio uma onda e nos cobriu de novo. Desta vez engoli mais água e então, antes que eu morresse nos seus braços, o Nando me arrastou para uma parte em que eu ao menos tocava o dedão do pé no fundo.

− E então? – perguntou ele sorrindo. – Vai dizer que esta não é uma das suas melhores experiências?   

Olhei bem fundo nos olhos dele. Imaginei o que meu primo diria se soubesse tudo o que estava se passando pela minha cabeça. Sim, aquela era a melhor experiência da minha vida. Estar com o Nando era quase como um sonho. E estar junto a ele, grudada nele... Puxa, eu nunca tinha sentido aquilo com cara nenhum. Não que eu tivesse namorado muitos. É que em todos os outros eu sempre visualizei o Fernando. Ninguém era tão lindo ou tão esperto ou tão inteligente como aquele amor que eu criei na minha imaginação. Eu estava com o Nando há poucas horas. Eu sabia que não existiam homens perfeitos. Tentei procurar algum defeito nele, mas ainda não tinha encontrado nenhum. Mas ele podia ter todos. Não me importava.

− É sim. E se você me soltar, pode ser a minha última experiência também.

E o que aconteceu em seguida foi algo mágico. Ele me beijou! Não precisou que eu me atirasse em cima dele feito uma gata no cio. O Nando me beijou porque quis. E não estava mais nem um pouco bêbado.
           



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