quinta-feira, 7 de junho de 2012

FAÇO TUDO POR AMOR (CAP 26)


Enquanto Nando tomava banho, eu fui para a sala enrolada somente em uma toalha. Percebi que havia um balcão repleto de fotos da família dele. Ou seja, da minha família também. Não resisti e fui até lá.
Era quase um choque ver ali, em fotos recentes, meus tios e meus primos. O tempo havia passado para meu tio. Ele estava com os cabelos totalmente grisalhos e incrivelmente parecido com meu pai. Minha tia continuava em forma, sempre elegante, o cabelo cada vez mais loiro. E meus primos cresceram, óbvio. Os dois haviam se tornado homens bonitos, porém não tanto quanto o Nando. O mais novo era um bebê quando fugimos para o interior e só descobri que era irmão do Nando porque estava ali, junto com a família. Com esse eu não precisava me preocupar. Ele jamais iria me reconhecer. O perigo era meu primo mais velho.
- Já foram apresentados?
O Nando apareceu de repente, ao meu lado, vestindo uma camiseta e um calção. Ele não desconfiara de nada
- São seus pais e irmãos? – perguntei para disfarçar.
- Sim – e carinhosamente ele foi me mostrando um por um – Estes aqui são meus pais, como você já deve ter percebido.
- Sua mãe é muito bonita – elogiei. De repente, senti saudades dela. Minha tia sempre me tratara muito bem.
- Faz sucesso até hoje, para orgulho e ciúme do meu pai – e pegando outro porta-retrato, Nando apontou os irmãos – Este aqui é o Ricardo – e mostrou o mais velho – Somos muito unidos, afinal nascemos com apenas um ano e meio de diferença.
- O que ele faz da vida?
- Ele gerencia os negócios do meu pai. E este é o Maurinho, meu irmão mais novo. Fez vestibular este ano para medicina e passou.
Fiquei surpresa. Era o primeiro médico da família.
- Ele deve ser bem inteligente.
- É, sim. Mas não tínhamos idéia de quanto. Será o primeiro médico da nossa família. Não sei a quem saiu.
Ocorreu-me uma idéia que me apavorou. Se Nando gostava tanto de guardar fotos da família, então provavelmente ele teria ainda as fotos das festinhas de aniversário que eu freqüentava antes do rompimento. Mesmo minha aparência tendo mudado muito, sempre havia o risco de poder ser descoberta por um detalhe insignificante.
- Você deve ser do tipo que guarda todas as fotos que tira – sondei, pegando outra dos meus tios para olhar melhor – Até mesmo de quando era criança.
- Guardo, sim. Mas as de quando nós éramos menores quem coleciona é minha mãe. Eu não tenho mais nenhuma daquele tempo.
Menos mal, pensei um pouco aliviada.
- Ela tem fotos nossas desde que nascemos – prosseguiu ele, contente em falar sobre a família – Tem tudo registrado. Nós recém nascidos, batizados, primeira comunhão, as festinhas de aniversário… Ela nunca se cansa de olhar.
Alerta vermelho. Eu jamais poderia ficar frente a frente com minha tia. Seria reconhecida. Porém não quis estragar minha noite perfeita com aquele tipo de preocupação. Era tão bom estar com o Nando que não valia a pena eu encher minha cabeça com aquilo, mesmo sabendo que se ficasse com ele manter aquela mentira não seria nada fácil.
Minha satisfação era tamanha que eu mal podia desconfiar que o tormento e a infelicidade apenas estivessem começando para mim.



Um comentário:

  1. É, o cerco vai se fechando... de onde virá a verdade: da própria Pauline, da familia de Nando, de Rafaela.... e aí, Pauline?

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