domingo, 3 de junho de 2012

FAÇO TUDO POR AMOR (CAP. 25)


O apartamento dele, como eu esperava, era moderno e bem arrumado. A sala possuía uma vista maravilhosa que pegava metade da cidade. Não agüentei e fui direto para lá, feito uma criança que ganhou um brinquedinho novo:
- Nando! Que vista linda! – eu exclamei enquanto ele vinha em minha direção – Nossa, se eu morasse em um lugar assim, eu passaria minha vida na janela.
Já ao meu lado, Nando comentou:
- Você que pensa. Eu também achava isto. Depois vira rotina, acaba fazendo parte da sua vida. Dificilmente eu paro aqui para ficar olhando a cidade. Bem, espere um pouco que eu vou pegar a carteira.
E eu fiquei ali, inspecionando cada ponto da cidade, esperando encontrar meu edifício ou algum ponto de referência para localizá-lo. Quase perguntei se o Nando tinha algum binóculo em casa, mas me constrangi e resolvi ficar quieta. Afinal, não fazia nem cinco minutos que estava ali e não queria que ele me achasse uma caipirona.
Distraída que eu estava, praticamente levei um susto quando senti os braços dele me envolverem e os seus lábios beijarem meu pescoço. Minhas pernas amoleceram na hora. Droga, isto ainda não podia estar acontecendo, mas era tão bom...
- Que perfume gostoso você está – e aquela voz sussurrou no meu ouvido, me deixando toda arrepiada.
Não sei o que eu respondi, se é que respondi alguma coisa. Quando percebi, o Nando já estava me beijando na boca e eu correspondi tão apaixonadamente que até fiquei com vergonha de me entregar daquele jeito. E então veio a pergunta que eu mais temia:
- Você tem certeza que quer sair para comer alguma coisa? Ou quer ficar por aqui mesmo?
Ele fez a pergunta me encarando diretamente nos olhos e eu tonteei. Meu Deus, e agora? Fiz em enorme esforço e respondi, com a voz rouca:
- Acho… acho que preciso ir.
- Você não quer ir. Eu sei, vejo pelos seus olhos.
Engoli em seco. Quase tremi. Meio que balbuciando, insisti:
- Quero, sim.
Ele me soltou e eu pensei que fosse cair para frente.
- É uma pena.
E dirigindo-se para a porta, colocando a carteira no bolso, Nando disse, casualmente:
- Vamos, então.
Mas eu não queria ir. Eu queria ficar ali com ele para sempre. Para sempre... E tinha posto tudo a perder mais uma vez.
Joguei-me no sofá, enquanto ele abria a porta. Quando ele se virou, encontrou-me sentada, esparramada, meio trêmula. Agora era tudo ou nada. De preferência, tudo.
- Eu quero ficar.
Me surpreendi com a firmeza da minha voz. E acho que ele também. Enquanto Nando fechava a porta bem lentamente, repeti para que tivesse certeza da decisão que eu acabara de tomar:
- Você escutou? Eu quero ficar aqui com você.
Ele começou a vir na minha direção bem devagar, cravando em mim aqueles olhos escuros que me atormentavam. Achei que não fosse resistir.
- Escutei, sim.
O que veio a seguir foi algo inteiramente mágico. O tempo parou e todos os nossos movimentos pareciam estar em câmera lenta. Descobri que eu não conhecia nada de sexo até aquele momento. Praticamente uma virgem. Realmente, até ficar com o Nando, fazer sexo somente tinha sido uma necessidade ou uma imposição que fiz a mim mesma. Lembro que certa vez minha irmã disse que não havia nada melhor do que fazer amor com quem a gente gosta. Só fui descobrir aquela verdade nos braços do meu primo, depois de tantos anos sonhando acordada com ele. E o melhor de tudo, descobri que o orgasmo existe.
As horas passaram e nós não percebemos. Era tão gostoso sentir o corpo dele junto ao meu e ele dentro de mim, que eu podia passar a vida toda ali. Esqueci de tudo. Até mesmo de ligar para minha irmã para dizer onde eu estava. Era um sonho que eu estava vivendo bem acordada.
Meu celular começou a tocar, enlouquecidamente, dando um susto em nós dois. Surpreso, Nando perguntou:
- É o seu celular que está berrando deste jeito?
Meio constrangida eu respondi:
- Deve ser a minha irmã.
Levantei do tapete da sala onde nós estávamos fazia algumas horas e corri até a minha bolsa. Sim, era Rafaela.
- Oi – disse eu tentando recuperar o fôlego.
- Onde você está?
Rafa berrava do outro lado. Era nítido que ela estava preocupada.
- Ei, calma. Estou com o Nando. Vou chegar mais tarde.
Ele falou do outro lado da sala:
- Diga que você nem vai voltar para casa.
- Vou passar a noite com ele – eu imediatamente falei, em um fôlego só, antes que meu amor mudasse de idéia.
Rafaela ficou muda para depois perguntar rindo:
- Ah… não resistiu às tentações do sexo?
- Sim, está certo – desconversei – Amanhã nos falamos. Tchau e durma bem.
Desliguei o telefone e voltei para os braços do Nando e ali me aninhei.
- Ela devia estar preocupada com você.
- Esqueci totalmente de avisá-la. E como poderia? – eu perguntei voltando meus olhos para ele – Você tomou todo meu tempo.
Beijamos-nos suavemente. Eu já estava extenuada.
- Acho que cansei você – Nando murmurou.
- Não é para menos. Você é maravilhoso.
- Você que é.
Fiquei boba. Fui elogiada pela minha performance sexual. Era a primeira vez que aquilo tinha acontecido.
- Está com fome?     
Lembrei que não comia há horas. E agora já passava das onze horas da noite.
- Devo estar. Nem lembrava mais que eu tinha estômago.
- Vou preparar alguma coisa para a gente comer. Você quer tomar banho enquanto eu cozinho?
Nossa! O Nando iria cozinhar para mim. Tomei um banho quente e delicioso e quando saí do chuveiro, ele entrou, dizendo:
- Deixei uma pizza assando no forno. Nem perguntei se você gostava – desculpou-se ele.
- Gosto de tudo. Inclusive de você.
Minha declaração de amor – a primeira de todas elas – saiu tão natural que pegou Nando de surpresa. Ele não disse nada, mas me beijou. E aquele beijo me disse que meu primo também gostava de mim.
Pelo menos até descobrir quem eu era.


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