domingo, 17 de junho de 2012

FAÇO TUDO POR AMOR (CAP. 28)


Nós ficamos na praia até quase duas horas da tarde. Descobri que meu pânico de mar ainda existia, mesmo com o Nando. Mas não refutei. Eu não iria deixá-lo entrar sozinho na água, enquanto eu ficava na areia. Nunca, nem pensar. Apesar do meu medo, nos divertimos bastante, com litros de protetor solar sobre nossos corpos. Saí do mar morrendo de fome, enquanto o sol foi sendo encoberto pelas nuvens. Estava observando o céu quando dois caras se aproximaram do Nando. Eram amigos dele e os três passaram a conversar animadamente. Logo me senti excluída. Afastei-me, propositadamente, pois o Nando não pareceu fazer questão de me apresentar a eles.  Fingi que olhava algumas peças de roupa de um vendedor ambulante, mas minha atenção se concentrava no papo deles. O assunto era carnaval. Lembrei-me, então, que o carnaval já era no próximo fim de semana. De tão absorvida que eu estava com o Nando, nem havia me lembrado que carnaval existia. Bem, o fato era que os amigos malditos do Nando estavam conversando sobre praia, carnaval, churrasco, futebol e todos os assuntos relativos a homens. No final da conversa percebi que eles combinaram alguma coisa. Pronto, pensei eu, segurando uma bijuteria e com um aperto no coração. O Nando iria passar o carnaval na praia com os amigos – amigas também? - e eu sobraria. Fiquei com vontade de chorar.
- Pauline?
Larguei a bijuteria quando ouvi meu nome e virei meu rosto para o lado. Nando me chamava e os amigos me observavam com muita atenção. Um pouco nervosa me dirigi até eles.
Fiquei surpresa com a reação do Nando. Ele passou o braço sobre meus ombros e me apresentou aos rapazes:
- Esta é a Pauline.
Somente isso. E foi o bastante.  Os dois me cumprimentaram também surpresos. Imediatamente percebi que eles deveriam conhecer Raquel. Talvez até fossem amigos dela. Senti-me um pouco intrusa, porém se eu quisesse casar com o Nando, aquela era uma situação que muito se repetiria. Eu teria que ser aceita pelos amigos dele. E os amigos do Nando, pelo que eu já tinha reparado, eram todos uns metidos.
Eu retribuí o cumprimento com um sorriso sem graça e um aceno de cabeça. Nem abri a boca. Não tive vontade de dizer nada. Os dois tentaram ser simpáticos, é verdade, e eu tentei ser também. O único problema foi que me faltou voz. Não sei se o Nando percebeu meu embaraço. Logo ele se despediu dos caras, eu dei graças a Deus e fomos embora para o apartamento. A fome me consumia.
- Eles me convidaram para passar o carnaval em Santa Catarina.
Eu nunca tinha ido para lá. Sempre morri de vontade em conhecer as praias de Florianópolis. Rafa já tinha ido algumas vezes e contava maravilhas. Será que eu tinha sido convidada também?
- E você vai? – perguntei sem disfarçar meu incômodo.
Nós caminhávamos um pouco apressados. O céu estava ficando um pouco escuro.
- Vou, sim. Ficaremos na casa de um amigo, no norte da ilha. Quer vir também?
- Quero – respondi sem nem pensar direito no que podia acontecer.
- Legal. Já tinha dito para eles que você viria comigo.
- É mesmo? – eu estava admirada e feliz – Tenho que confessar uma coisa para você.
- O que é?
Reparei que o Nando estava curioso.
- Nunca fui a Florianópolis. Você nem imagina a vontade que tenho em conhecer as praias de lá.
- Vou mostrar todas a você – prometeu ele sorrindo para mim.
Minhas pernas chegaram a balançar. Nando era tão gentil que eu imaginava estar vivendo um sonho encantado.
Naquela época era realmente um sonho.


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