quarta-feira, 4 de julho de 2012

FAÇO TUDO POR AMOR (CAP. 33)


Acordei pontualmente às nove horas da manhã com o sol entrando pela janela. O Nando, ao meu lado, parecia dormir profundamente. Ligeiramente tonta, levantei-me e fui tomar um banho bem frio. E quando retornei encontrei meu lindo namorado, de olhos semicerrados, rolando pela cama.
Ele murmurou:
− Pensei que você tivesse  ido para a praia sozinha.
Atirei-me ao lado dele e beijei todo o seu rosto.
− Já curou sua bebedeira?
− Nem fiquei tão bêbado assim.
− Realmente, no reveillon você estava bem pior.
− Você também estava meio alta ontem. Eu percebi.
− Foi a melhor maneira que achei para enfrentar as amigas da sua ex-noiva.
− Não ligue para elas – Nando pediu, bocejando, para depois declarar – Estou com vontade de tomar um suco.
Prontamente me ofereci:
− Quer que eu faça um para você?
− Eu quero – respondeu ele sem rodeios – Enquanto você desce, eu tomo um banho. O que você acha?
− Acho que tudo bem.
Louca para agradar meu amor, coloquei meu biquíni e desci, achando que todos estavam dormindo, curando a ressaca. Enganei-me redondamente. Quando entrei na cozinha, dei de cara com Karine e Tati que imediatamente interromperam a conversa quando me viram. Fingi que não estava nem aí para elas e alegremente dei um sonoro “bom dia”. Elas mal responderam recomeçando a conversa aos poucos.
Como nenhuma fez questão de me ajudar, tive um pouco de dificuldade em achar o liquidificador para fazer o suco. Eu sabia que elas acompanhavam cada passo meu e minha maior preocupação era não fazer nenhuma burrada. Tentando manter a calma, cortei várias fatias de melancia, preparei sanduíches para mim e para o Nando, enquanto escutava o papinho superficial delas. Várias vezes as duas mencionaram o nome da Raquel, em tom mais alto, só para que eu escutasse. Fiquei furiosa. Depois, para completar o quadro, chegou a tal da Sandrinha, para mim a pior de todas as três. Esta não fez a menor questão de me cumprimentar e eu nem olhei para trás para tentar bancar a simpática.
Com a chegada da Sandrinha, elas se transformaram em umas gralhas ridículas. A palavra mais falada era “Raquel”. A Raquel era linda, poderosa, moderna, enfim, uma mulher de sucesso. Eu queria esganar todas elas. Coloquei os pedaços de melancia no liquidificador e o liguei. Para minha satisfação, o aparelho era um pouco antigo e fazia um barulho ensurdecedor, abafando a voz delas e irritando-as profundamente. De propósito deixei-o ligado mais tempo, em um ponto que nem mesmo eu mais suportava. Quando finalmente eu decidi desligá-lo, o silêncio voltou à cozinha e as três encaravam-me furiosas. Esperei ansiosamente que elas dissessem alguma coisa, pois eu já estava pronta para a reação. Mas o silêncio permaneceu, infelizmente, e sem olhar para Sandrinha, Karine e Tati, peguei a jarra do liquidificador e os sanduíches e subi para paparicar meu amor.
Encontrei-o enrolado em uma toalha, já de banho tomado. Assim que ele me viu, abriu um sorriso e me elogiou:
− Puxa, que eficiência...
Contente com o elogio, eu respondi:
− Fiz um suco de melancia. Lembrei que você disse uma vez que gostava.
− Adoro. Deu para ouvir o liquidificador daqui.
Contei para ele, então, o que havia se passado lá embaixo e o motivo de eu haver infernizado todo o litoral com o aparelho. Nando escutou sério, bebericando o suco, sem dizer nada o tempo todo. Quando eu acabei o relato, ele disse:
− Vou tentar ficar sempre com você quando elas estiverem por perto. Mas se você se sentir ofendida, reaja. Não engula nenhum desaforo delas.
− Não sou muito de reagir… mas não sei se conseguirei ficar quieta por muito tempo.
− Não vou deixar nosso carnaval ser um inferno. Prometo.
Eu sabia que ele falava sério. Terminamos de comer em cima da cama, em clima de romance. Depois, aproveitando que o sol estava quente, fomos direto para a praia.

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