domingo, 26 de agosto de 2012

FAÇO TUDO POR AMOR (CAP. 42)


O celular tocou pontualmente às dez horas da manhã. Acordei num susto, pensando estar atrasada para alguma coisa. Depois me lembrei de que eu não tinha compromisso nenhum e relaxei. Sonolenta peguei o telefone. Era Rafaela. Minha irmã não me deixou nem dizer bom dia.
- Paulinha, acorda! Consegui uma entrevista de emprego para você!
Típico de Rafaela. Sentei na cama imediatamente, acordada por inteiro.
- Onde?
- O tio do Guto tem uma agência de publicidade e eles estão precisando de uma secretária com o seu perfil. Agendei com o diretor para as 11 horas da manhã. Anota aí o endereço.
Enquanto eu anotava, aos garranchos, o lugar aonde eu deveria ir, choraminguei:
- Rafa, eu nunca fui secretária na vida…
- Você vai conseguir. O Guto disse que o salário é muito bom. E olha, não é estágio! É emprego mesmo, com carteira assinada!
Ela, obviamente, estava mais animada do que eu. Agradeci e desliguei o celular. Eu não tinha muito tempo. Tomei um banho rápido e tentei desamassar o rosto. Não ficaria bem chegar a uma entrevista de emprego com cara de sono. Vesti o que achei pela frente e decidi pegar um táxi. Cheguei com cinco minutos de antecedência e logo me passaram para a sala do diretor que precisava de uma secretária com experiência. Bem, eu não tinha experiência alguma, mas o homem foi com a minha cara. Depois de meia hora de conversa ele me considerou a pessoa ideal para assumir o cargo, o que muito me surpreendeu. Dali fui direto para o recursos humanos e peguei uma lista de exames que precisava fazer. Já passava do meio dia quando lembrei que meu celular estava desligado. Eu esperava que o Nando tivesse me ligado. Não via a hora de contar a novidade para ele. Além do mais, eu tinha gostado bastante do lugar. As pessoas pareciam ter um ótimo astral e o ambiente era descontraído. E como minha irmã dissera, o salário era bem bom. Nem parecia que tudo aquilo era verdade.
Como eu esperava havia uma mensagem do Nando. Liguei imediatamente para ele.
- Nando, sou eu.
Ele estava em pleno almoço. Escutei som de vozes ao redor.
- Você está em casa?
- Não. Eu fui fazer uma entrevista de emprego – contei eufórica.
- Já? – surpreendeu-se ele.
- Foi a Rafa que conseguiu para mim. E deu tudo certo! Acho que começo na semana que vem!
- Isto é ótimo! – vibrou Nando – Vamos nos encontrar esta noite?
Era tudo o que eu queria ouvir.
- Claro, claro que sim. Estou com saudades...
- Ligo para você mais tarde então. Aí conversamos melhor.
- Certo. Até mais.
Ótimo, tudo estava saindo como eu desejava. Quando liguei para Rafa a fim de contar tudo ela já sabia da novidade. Cheguei em casa e liguei para meus pais. Também para eles não havia sido surpresa. Rafaela havia telefonado para lá. Como eu não tinha mais nada a fazer, atirei-me na cama e ali fiquei a pensar na vida. E isto equivalia a pensar somente no Nando.
Entretanto, quanto mais eu pensava nele, mais eu me inquietava. Nosso namoro ía bem. Eu sabia que ele gostava de mim de uma maneira que eu jamais pensei que fosse acontecer. E o cerco, meu Deus, o cerco se fecharia cada vez mais. Eu não poderia levar aquela vida dupla por muito tempo. Seguramente, se não revelasse toda a verdade, eu acabaria dando um furo. Ou alguém da família dele poderia me reconhecer, em qualquer encontro casual. Cenas horríveis vieram a minha mente. Cenas que certamente tinham tudo para se tornarem reais.
Dei um pulo e saltei da cama angustiada. Eu não podia perder o Nando de jeito nenhum, mas para isto eu precisava contar quem eu era. Coragem era tudo o que me faltava.


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